Grupo iHG              Vitória Régia

 

DICAS ON-LINE

ANO IX

DATA: 18-jan-2015

643

 
DESTAQUES DESTA EDIÇÃO:

 Formas verbais e pronomes oblíquos

-   Cochilos da imprensa

-   Desperdício

-   Não misture os tratamentos

-   A regência do ir


Rapidinha

Cochilos da edição

Deu na imprensa: "Cardoso chegou a conversar com o procurador-geral após o evento em que participaram pela manhã".

Viu? Pisaram a regência, o calo mais doloroso da língua. A gente participa de algo. Melhor: Cardoso chegou a conversar com o procurador-geral após o evento de que participaram pela manhã.

Do nosso cotidiano


Formas verbais seguidas de pronomes oblíquos

Dúvida de um assinante de Porto Alegre (RS): “Professor, algumas formas verbais associadas a pronome acento, outras não. Exemplos: amá-lo (tem acento), construí-lo (com acento), produzi-lo (sem acento). Os dicionários não estão nem aí pra nos socorrer. Por que, hein?”

oooOooo

Meu caro, mantenha-se calmo.

Inicialmente, saiba que apenas cerca de 8% a 12% das palavras da língua portuguesa são acentuadas. Então, o problema não é tão grande assim. Em caso de dúvida, sem possibilidade de consulta, não acentue. Você tem 88% de possibilidade de acertar.

Mas, vamos à pergunta.

Antes, porém, passemos pelas regras básicas da acentuação:

Assinalam-se com o acento agudo os vocábulos oxítonos que terminam em a, e, o abertos, e com o acento circunflexo os que acabam em e, o fechados, seguidos, ou não, de s: cajá, hás, jacaré, pés, seridó, sós; dendê, lês; pôs, trisavô etc.

As terminadas em i e u ficam fora, salvo se formarem hiato com a vogal anterior e ficarem sozinhas na sílaba ou com “s”: aqui, ali, caju, urubu, saí, país, Grajaú, Itaú.

Para acentuar as formas verbais associadas a pronomes oblíquos, considere apenas o verbo, desprezando o pronome. A pronúncia da forma verbal deve ser autônoma em relação ao pronome e sujeita às regras de acentuação como com qualquer outra palavra. Em amá-lo, considere amá, oxítona terminada em a e, portanto, acentuada.

Em construí-lo, considere construí, em que ocorre hiato. Já em produzi-lo não há acento, porque produzi é oxítona terminada em i.

Ou seja, as formas verbais seguem a regra tintim por tintim. As terminadas em a, e e o ganham acento. Em i, nem pensar, salvo se...: contá-lo, comprá-las; vendê-los, escrevê-la; parti-lo, ouvi-las; pô-lo, compô-las.

Tudo certo?


Prof. Hélio Graça
Editor de Dicas


Selo de autenticidade
 (Qr code - amplie e escaneie para conhecer)

Importante: os destaques do texto inicial são da Casa e trazem contribuições de manuais de estilo de importantes jornais do país.


DICAS PARA ESCREVER (E FALAR) BEM
De edições anteriores

Há incorreção nesta frase?
 
"Enquanto os magistrados não decidem, o advogado Rendrik Vieira está preso em uma sala do Estado-Maior, com direito à televisão, à geladeira e a banheiro individual, no 19º Batalhão da Polícia Militar, conhecido como Papudinha." (Edição 632)
 
Pegadinha anterior
 

A frase abaixo deveria ser reescrita conforme o comentário:
 

"Foi um acordo amigável". (Edição 631)
 
Comentário:
 
Tem desperdício de palavras.
É isso. Pra ser acordo, só pode ser amigável. O substantivo dá o recado. Dispensa companhias. Basta acordo.
Cód. 744

Criança diz cada coisa…Dicas de português

Pedro Bloch sabia das coisas. Pediatra, prestava atenção às histórias contadas pelas crianças. Depois, anotava tudo e publicava na revista Pais e filhos. Roberto Freire, colaborador da coluna, encaminhou uma para os leitores. Ei-la:

Uma menina estava conversando com a professora. A mestra disse que era fisicamente impossível uma baleia engolir um ser humano porque, apesar de ser um mamífero enorme, tinha a garganta muito pequena. A garota bateu pé: afirmou e reafirmou que Jonas tinha sido engolido por uma baleia. Irritada, a professora repetiu que uma baleia não poderia engolir nenhum ser humano. Era fisicamente impossível. Seguiu-se este bate-papo:
— Quando eu morrer e for pro céu, vou perguntar a Jonas.
— E se Jonas tiver ido pro inferno?
— Aí a senhora pergunta.


Por falar em ir…

Viu? Criança sabe mesmo das coisas. A garota acertou em cheio a regência do verbo ir. A gente pode ir a ou ir para. Vai a quem vai e volta, rapidinho: Vou ao clube. Vamos ao cinema. Fomos ao Rio conhecer os cartões-postais do Brasil. Vocês foram ao parque no domingo? Ou preferiram ir à missa?

Ir para joga em outro time. Trata-se de ir para ficar bom tempo: Vou para Londres fazer minha pós-graduação. Vou-me embora pra Pasárgada. A menina da história de Pedro Bloch tinha duas certezas. Uma: ao morrer, ela iria pro céu. A outra: a professora iria pro inferno.


Peladões

A moda pegou. Sem mais nem menos, peladões ocupam as ruas de grandes cidades. A história começou em Porto Alegre. Homens e mulheres apostaram corrida nuzinhos. Depois, foi a vez de São Paulo. Um macho, sem uma peça de roupa sobre o corpo, percorreu a Avenida Paulista falando ao telefone. O que eles querem? Ninguém sabe. Enquanto se investiga a razão oculta atrás da nudez, vale uma diquinha de português. Nu, como cru, é nuzinho mesmo. Monossílaba terminada em u, não aceita acento nem a pedido de Adão e Eva.


Nu e urubu

Nu rima com caju, urubu e Aracaju. Uma e outras não aceitam acento. É que os monossílabos tônicos jogam no time das oxítonas. Os terminados em i e u agradecem, mas dispensam o agudão. Xô!


Dedo-duro

A palavra mais em alta em tempos de lavagem de roupa suja? É ela mesma. Delação, que rima com corrupção, que significa podridão. Quando nasceu, a latina delatione queria dizer ato de entregar. Como quem fica parado é poste, a palavra ganhou outra acepção. É denúncia. Em português que todo mundo entende: deduragem, que vem de dedurar, que nasceu de dedo-duro.


Pequenas consultas

No período “Quem estuda não vota em aventureiro”, penso que não há vírgula depois da palavra estuda. Quem estuda é uma oração que funciona como sujeito da 2ª oração não vota em aventureiro. As pessoas colocam a vírgula. Estão erradas, não?”

E como! Separar o sujeito do predicado tem nome. É frasecídio. Em bom português: mata-se o enunciado. É crime.

Meu idioma é o francês. Graças a ele, adquiri boa base no português. Mas tenho muitas dúvidas. Uma delas: a grafia de georreferenciamento. Por que não se escreve geoGGrafia, geoLLogia?

Em português, só se dobram duas consoantes: r e s (caro, carro; caso, casso). Simples assim.


Recado

“Construo silêncios.”
Manoel de Barros



 

De edições anteriores

Há incorreção nesta frase?
 
"Quer ver o que sobra? como ...por exemplo."  (Edição 632)
 
Pegadinha anterior 2
 

A frase  abaixo deveria ser

reescrita conforme o comentário:
 

“Sou brasileiro e mando um beijo pra você. Vem pra urna.” (Edição 631)
 
Comentário:
 
Houve mistura de tratamentos. Ele fala em você. Mas usa o imperativo vem (tu).

o texto pode ter duas redações:

1. Sou brasileiro e mando um beijo pra ti. Vem pra urna.

2. Sou brasileiro e mando um beijo pra você. Venha pra urna.

Dicas on-line. Publicação do Grupo iHG Consultoria e Serviços. Assinatura paga. Anual: R$ 25,00.

Grupo iHG | Trav. Nove de Janeiro, 2110 - Conj. 101 - Ed. Wall Street | São Brás | Fone/fax (0xx91)3249-0354 | Belém | PA | 66060-585 | Brasil | site: www.iHG.com.br.br| twitter: twitter.com/heliograca